domingo, 20 de março de 2011

Em discurso, Obama justifica ataque à Líbia e fala do passado político de Dilma

Em discurso, Obama justifica ataque à Líbia e fala do passado político de Dilma

Do UOL Notícias
Em São Paulo e no Rio de Janeiro

O presidente dos EUA, Barack Obama, chegou ao Theatro Municipal do Rio de Janeiro por volta das 15h deste domingo (20), onde fez um discurso a cerca de 2.000 pessoas. Obama, sem gravata, cumprimentou os convidados em português, falou sobre o clássico de futebol entre Vasco e Botafogo, que aconteceu hoje na cidade, e brincou com os presentes. “Alô, Cidade Maravilhosa, obrigado a todo o povo brasileiro”, disse.

Veja a íntegra do discurso de Obama no Rio

Obama defendeu mais uma vez a integração entre os EUA e o Brasil, falando principalmente sobre as parcerias econômicas dos dois países. O presidente elogiou ainda o etanol brasileiro.

O presidente também falou de questões internacionais, citando a tragédia no Japão –que encontra no Brasil sua maior comunidade fora do país– e a atual situação no Oriente Médio. Os EUA estão junto com França, Reino Unido, Estados Unidos, Canadá e Itália promovendo uma intervenção militar na Líbia contra a ditador Muammar Gaddafi, que está há mais de 40 anos no poder.

“Todos merecemos viver sem medo e temos o direto de escolher como seremos governados”, disse, defendendo que estes direitos não são pregados pelos EUA, mas sim são direitos universais. "Nós sabemos que o futuro do mundo árabe será determinado pelo próprio povo. Não devemos temer as mudanças", declarou. "Onde a luz da liberdade brilha, todo o mundo se torna mais brilhante. É o exemplo do Brasil."

Obama exaltou a democracia brasileira e citou as manifestações populares na Cinelândia na época das Diretas Já. O mandatário também falou sobre o passado político da atual presidente, Dilma Rousseff, como exemplo de superação. Dilma foi militante política contrária à ditadura militar e chegou a ser presa pelos militares na época.

O presidente ressaltou ainda os valores que considera que Brasil e Estados Unidos possuem em comum. "Nossas duas nações têm muitos desafios, mas no fim é a nossa história que nos dá maior esperança para o amanhã. Vivemos em lugares e que pessoas comuns fizeram coisas fora do comum", afirmou.


Obama lembra mãe

Bem-humorado, o presidente falou sobre o valor afetivo de sua viagem ao Brasil. Lembrou que sua mãe se apaixonou pelo país ao assistir o filme Orfeu do Carnaval, filmado no morro do Chapéu Mangueira, na zona sul do Rio, e que foi peça teatral encenada no próprio Theatro Municipal.

“Nunca minha mãe imaginaria que minha primeira visita ao Brasil seria como presidente dos Estados Unidos”, afirmou Obama. “Também nunca imaginaria que este país é mais bonito ainda. Vocês são um país tropical, abençoado por Deus e bonito por natureza”, disse ele.

Convidados

Algumas autoridades políticas estão entre os convidados que assistiram ao discurso, que reúne ainda nomes como Pelé, Gilberto Gil e Eike Batista. O casal de artistas Lázaro Ramos e Thaís Araújo e o artista plástico Emanoel Araújo foram ao teatro, assim como o ex-presidente do Banco Central e escolhido pela presidente Dilma Rousseff para dirigir a Autoridade Olímpica, Henrique Meirelles.

Antes do discurso, a banda Afroreggae se apresentou para a plateia, misturando funk, reggae, samba e jazz. No repertório, de Bob Marley a Gilberto Gil, passando por Beatles.

Um grupo vindo de Bangu, zona norte do Rio, formado por 65 idosas de terceira idade é o mais animado entre os convidados. Todas vestidas com camisetas de estampas coloridas e bandeiras dos Estados Unidos amarradas a chapéus brancos, elas dançam nos assentos da parte superior lateral do teatro.

Embora a presidente da Fundação Theatro Municipal só tenha sido informada de que o local tinha sido o escolhido para a fala de Obama na quinta-feira à noite, a centenária sala de espetáculos está bem preparada para o evento. O discurso aberto ao público na Cinelândia foi cancelado pelas autoridades americanas.

Em 2007, o Theatro Municipal, fundado em 1909, começou a receber um trabalho de restauração. A reforma durou 850 dias e custou R$ 64 milhões. A reabertura aconteceu em maio do ano passado. Atualmente, a capacidade máxima do teatro é de cerca de 2.200 espectadores.

Este foi o segundo compromisso oficial da agenda na capital fluminense, onde o presidente fica até a manhã desta segunda-feira. Hoje o presidente assistiu a uma apresentação na Cidade de Deus, zona oeste da capital fluminense, e, depois do discurso, deve visitar o Cristo Redentor --compromisso que foi cancelado pela manhã provavelmente devido ao tempo encoberto.

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