segunda-feira, 15 de junho de 2009

Imigrantes e pobres não são responsáveis por crise, diz Lula


Presidente volta a criticar países ricos que 'davam aula'.
Lula falou em Genebra no Conselho de Direitos Humanos da ONU.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta segunda-feira (15) no Conselho de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU) que "nem os imigrantes nem os pobres são responsáveis pela crise". "Os responsáveis são os mesmos que por anos ensinaram como gerenciar o Estado."



O presidente voltou a criticar os países ricos: "Essas mesmas pessoas que nos ensinaram viram que agora não sabem mais nada, não sabem nem explicar como davam tanta aula." Lula atacou ainda aqueles que "promoveram e defenderam o sistema e agora não sabem como explicá-lo nem como tirar o mundo da crise na qual o mergulharam".



Lula defendeu uma nova ordem econômica mundial, que recompense a produção e não a especulação, além de ter ressaltado a necessidade de defesa dos direitos dos pobres.
"Como dirigente de um país em desenvolvimento, espero que da crise surja uma nova ordem internacional que recompense a produção e não a especulação", afirmou o presidente do Brasil.



"Esta nova ordem também deve respeitar as normas meio ambientais viáveis e transformar o comércio internacional em um instrumento de desenvolvimento para uma distribuição mais justa da riqueza", completou Lula.

Direitos humanos

Lula disse que prestar atenção aos direitos humanos é uma parte indispensável de qualquer estratégia para superar os efeitos da crise.

"A crise financeira, que nasceu da desregulamentação das economias mais ricas, não é um pretexto para estimular o descumprimento das obrigações de cada Estado com a promoção e a proteção dos direitos humanos", disse o presidente.



Após a visita a Genebra, Lula viajará para a Rússia, onde participará nesta terça-feira (16) da reunião dos Brics (Brasil, Rússia, Índia e China).
Paraísos fiscais

Lula discursou também na Organização Internacional do Trabalho, pedindo uma atitude mais dura com os paraísos fiscais e os especuladores que causaram a crise econômica atual.

"Não se pode conviver com paraísos fiscais", declarou Lula na Suíça, país que figura na lista cinza de paraísos fiscais da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômicos (OCDE).

"Não se pode conviver com um sistema financeiro que especula com papéis e papéis sem gerar um posto de trabalho, sem produzir um sapato, uma camisa ou até uma gravata", completou Lula.

Cana-de-açúcar

Lula disse ainda em Genebra que governo, empresários e trabalhadores brasileiros assinarão um acordo para garantir condições mínimas de trabalho no setor de cana-de-açúcar. Cerca de 600 empresas já aderiram aos princípios propostos no acordo, segundo Lula, que inclui nível de renda, proteção aos trabalhadores e benefícios.

O objetivo é lidar com os casos de trabalho escravo no setor da cana-de-açúcar. O ministro do Trabalho, Carlos Lupi, estimou que as empresas que assinarão o acordo representam pouco mais de 70% da produção de cana no Brasil. As empresas que aderirem ao processo serão certificadas. A maioria das empresas está no Estado de São Paulo.



Lula almoça após a reunião na OIT com o presidente francês, Nicolas Sarkozy.



Após a visita a Genebra, Lula viaja para a Rússia, onde participará nesta terça-feira (16) da reunião dos Brics (Brasil, Rússia, Índia e China).



Com informações da Agência Estado, da AFP e da EFE

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