domingo, 20 de março de 2011

Autores de crimes passionais na capital continuam impunes

Dois dos mais graves crimes contra a mulher em São Luís, ocorridos nos últimos anos, continuam sem elucidação. No primeiro, que aconteceu em 8 de setembro de 2009, a professora Maria de Jesus Araújo Silva, 36, foi morta na porta de casa, na Rua 3, quadra 6, Planalto Anil 4, pelo ex-marido, também professor, Fernando Antônio Pereira, 45, de quem recebeu vários golpes de faca. O mais recente, ocorrido na última segunda-feira (14), na Cidade Operária, vitimou a comerciante Raimunda de Assis Conceição, que também foi atingida por facadas – onze, ao todo – pelo marido Edijane da Mota. O crime aconteceu após uma discussão, na calçada da casa onde o casal morava com os dois filhos, na Rua 203, da Unidade 203.

De acordo com a polícia, os acusados já haviam sido denunciados pelas companheiras por agressão motivada, na maioria das vezes, por ciúmes.

A semelhança entre os dois casos não é apenas serem crimes passionais cometidos por pessoas da convivência das vítimas, em suas próprias casas, mas também na impunidade dos autores.

Fernando Antônio e Edijane fugiram após praticarem os homicídios e até hoje fazem parte da lista de procurados do Disque Denúncia. O caso de Fernando Antônio é mais grave, pois ele está foragido há um ano e meio e a polícia não dá mostras de que prossegue com as diligências a fim de capturá-lo.

Impunidade – Na noite da última terça-feira (15) o juiz do Plantão Criminal João Joaquim Lima Bonfim expediu o mandado de prisão preventiva de Edijane da Mota, assassino de Raimunda de Assis Conceição. A faca usada no crime e o carro do acusado utilizado na fuga (um Voyage branco abandonado por ele no São Cristóvão) estão em poder da polícia.

Durante toda semana foram colhidos depoimentos e denúncias, por meio do Disque Denúncia (3223-5800). Várias delas chegaram ao 16º Distrito Policial (Cidade Operária) relatando a trajetória de fuga do acusado, e segundo o titular da Delegacia Especial da Cidade Operária (Decop), o delegado Ednaldo Santos, muitas delas sem critérios para endossar a investigação, outras de relevância para a polícia. “A todo o momento recebemos denúncias, mas estamos filtrando informações e dando importância às que nos passam consistência”, explicou o delegado.

No mesmo pé está o caso de Fernando Antônio Pereira, matador da professora Maria de Jesus Araújo Silva. Fernando teve a prisão preventiva decretada, mas continua foragido. Apesar das denúncias, as investigações estão paradas na Justiça, segundo o delegado Pedro Adriano Menezes Silva, responsável pelo inquérito no 6º DP (Cohab) e atual coordenador do Centro Integrado de Defesa Social (Cids) – Área Leste Maiobão. “O inquérito foi concluído no prazo estipulado, 30 dias. Na época, checamos, com o apoio da Polícia Militar, por meio do Serviço de Inteligência e a Superintendência da Polícia Civil da Capital, todas as denúncias. Eram cerca de dez na ilha de São Luís e duas nas imediações de Santa Rita e Bacabeira. Mas nenhuma delas levou até o acusado. Após o período, o caso foi para a Justiça”, contou o delegado.

Dados – Ainda são poucas as pessoas que têm iniciativa e coragem de denunciar crimes domésticos – contra crianças, mulher e idosos. Em 2010, foram registradas no Maranhão 343.063 ocorrências de violência contra a mulher, número superior ao ano de 2009, com 161 mil registros. De acordo com o Disque Denúncia, os dados colocam o Maranhão no 13º posto no ranking de denúncias no país.

É por meio das denúncias que a comunidade pode ajudar a encontrar os matadores de mulheres e colaborar para que crimes desse tipo não se repitam. “Não existe um policial em cada esquina, mas certamente um cidadão que pode denunciar”, explicou Nathália Virgínia, responsável pelo Disque Denúncia no Maranhão.

Quem souber o paradeiro de Fernando Antônio Pereira e Edijane da Mota, deve entrar em contato com o número 3223-5800, na capital e 0300-313 58 00, no interior do estado, lembrando que a identidade do denunciante é mantida em sigilo e que para quem fornecer informações verdadeiras que levem aos criminosos, como no caso de Edijani, está sendo oferecida uma recompensa no valor de R$ 2 mil.

ESPECIAL JORNAL PEQUENO

NÚBIA LIMA

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