terça-feira, 22 de setembro de 2009

Jackson defende a união da oposição para derrotar grupo Sarney em 2010

Jackson defende a união da oposição para derrotar grupo Sarney em 2010


POR MANOEL
SANTOS NETO

O ex-governador Jackson Lago (PDT), em entrevista à Rádio Capital AM, defendeu, na manhã de ontem, a união dos partidos de oposição em torno de um candidato único, ao Governo do Estado, para assegurar a vitória contra o grupo Sarney, nas eleições de 2010. Sobre este assunto, Jackson admitiu que tem divergências com o ex-governador José Reinaldo Tavares (PSB), mas fez questão de desfazer boatos de que haveria intrigas com o ex-governador.

"O Dr. José Reinaldo Tavares é do PSB, eu sou do PDT. Nós temos objetivos comuns, que é derrotar o grupo Sarney, mas temos visões diferentes. Eu acho que devemos fazer um plebiscito. Dr. Zé Reinaldo acha que deve haver várias candidaturas e que no segundo turno junta toda a oposição. Eu acho o contrário: que deve haver uma eleição plebiscitária, para que, ao chegar ao governo, possamos dar um tratamento de choque, e não fazer um governo convencional, como de certa forma fizemos", afirmou Jackson, ao ser entrevistado pelo jornalista Djalma Rodrigues, apresentador do programa "Redação 1.180".

O ex-governador Jackson Lago é entrevistado na Rádio
Capital pelo jornalista Djalma Rodrigues

Falando durante mais de duas horas, período em que respondeu também a perguntas de diversos ouvintes, Jackson Lago assinalou que a força do grupo Sarney não pode ser subestimada, frisando que as oligarquias ainda são fortes e poderosas, e é por isso que luta contra elas.

Declínio dos coronéis - "Eles são tão fortes que nos dominam há 40 anos. E mais do que isso: eles conseguem sobreviver às mais diferentes estruturas de poder na área federal", avaliou ressalvando que o poder dos coronéis na política vem caindo, em todo o país, como aconteceu na Bahia. "Aqui no Maranhão eles haviam cedido, mas mostraram sua força através deste golpe judiciário no TSE. Entretanto, o que aconteceu não é um fim. Tudo isso é um processo, no qual devemos ter muita fé e confiança. Porque além do trabalho, além da luta, se tem de ter também a invocação ao Senhor. E não temos dúvida nenhuma de que, juntos, vamos chegar à vitória final".

Logo no começo da entrevista, Jackson Lago respondeu a questionamentos sobre a situação dos processos que podem levar à cassação de Roseana Sarney, empossada governadora do Maranhão esse ano, após decisão do TSE. Em seguida, ele avaliou as ações de seu governo, apontando acertos e reconhecendo erros, e enumerou obras que considera da maior importância social, como o projeto do PAC Rio Anil.

E destacou que teve de travar o tempo todo uma dura luta contra o império de comunicação e contra os domínios da família Sarney tanto nos poderes Legislativo quanto Judiciário. "Hoje eu tenho clareza de que cheguei ao governo. Mas não cheguei ao poder. Espero algum dia chegar ao governo, chegar ao poder e ser capaz de promover a organização popular que não permita golpes desta natureza".

Para Jackson Lago, o Brasil vive um momento de muito descrédito nas instituições. Ele disse que espera que o Judiciário tenha um mínimo de postura neste país, observando que da maneira mais desrespeitosa o TSE cassou-lhe o mandato de governador do Maranhão. "Ninguém poderia imaginar que um ministro de uma Corte Suprema pudesse dizer uma coisa, para usurpar o mandato do Jackson Lago, e depois vem e diz outra. Então, o remédio para isso é o STF. É o Supremo vai ter que falar e dizer se entra ou não nessa marmelada", desabafou.

Cassação de mandatos - O STF (Supremo Tribunal Federal) deverá julgar no dia 30 deste mês a liminar concedida pelo ministro Eros Grau, que suspendeu os processos de cassação de mandato contra governadores, deputados federais e senadores que foram propostos diretamente no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) sem passar antes pelos TREs (Tribunais Regionais Eleitorais) onde foram propostos.

Eros Grau concedeu a liminar a pedido do PDT, que alegou ser inconstitucional recorrer diretamente ao TSE para questionar a expedição de diploma dos políticos. O PDT pretende com isso reconduzir Jackson Lago ao governo do Maranhão, de onde foi retirado em março deste ano após decisão do TSE. Além do PDT, foram admitidos como interessados o PMDB - partido do também cassado Marcelo Miranda, de Tocantins -, o PRTB, o PPS e o PR.

"Marcaram esse julgamento para o dia 30. Então eu vou me reunir com nossos advogados, em Brasília, para trocar idéias. O Supremo tem de falar, para dar um freio na falta de seriedade de muitas das decisões do Judiciário brasileiro", afirmou Jackson ontem de manhã, na entrevista à Rádio Capital AM.

O ex-governador disse que os principais acertos de seu governo foi o processo de democratização, buscando a descentralização do governo. "Os grandes fóruns da sociedade civil, através de suas associações e suas lideranças, discutiam seus problemas cara a cara com o governo, surgindo daí um verdadeiro Orçamento Participativo", assinalou.

Jackson reconheceu que houve erros, e que não foram poucos. "Nós pecamos muito na questão da comunicação, por exemplo. Porque há formas alternativas de se comunicar com a população. Realmente, falhamos muito na comunicação, mas talvez o erro maior foi não se ter uma convivência prolongada com as diferentes correntes políticas para construir uma unidade, para a construção de um programa de governo para o Estado".

"É por isto que eu acho que é um salto no escuro juntar tudo (as forças de oposição) somente no segundo turno. Porque depois vai todo mundo para o governo, e acaba misturando muita coisa que a população não gostaria. Eu acho que aí foi o erro maior. Este foi o erro maior que eu cometi em meu governo".

Frente de Libertação - Lembrando que por três vezes foi prefeito de São Luís e foi governador durante dois anos e três meses, Jackson disse que acredita perfeitamente na reedição da Frente de Libertação do Maranhão, em 2010, porque o povo está unido em suas dificuldades, na sua dor e nas suas desesperanças. Mas é importante que nós, as lideranças partidárias, também procuremos nos unir. Devemos procurar nos unir para atender às expectativas da população.

Para Jackson Lago, o projeto ideal é construir uma unidade, como aconteceu na eleição de 2006, que o levou à vitória para o Governo do Estado. Ainda assim, Jackson insiste na tese de que a oposição, unida, deve ter um candidato único.

"Acho que desde agora devemos fazer a união de todos. Discutir com bastante tempo os problemas do Estado. Fazer um programa de governo e fazer do primeiro turno o segundo turno logo no primeiro. Esta é a minha tese. Há outros que defendem o lançamento de várias candidaturas. Mas o mais importante é que, se prevalecerem outras idéias, de igual modo estaremos lá na luta".

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