De acordo com o jornal O Globo, o MPE afirma que Edir Macedo seria o chefe de uma quadrilha que usava empresas de fachada para desviar recursos provenientes das doações dos fiéis da Universal e praticar uma série de fraudes. Segundo a denúncia, essas empresas repassavam os recursos para paraísos fiscais no exterior por meio de jatinhos, que levavam o dinheiro em espécie. Os recursos, prossegue a denúncia, iam parar nos cofres da Investholding, localizada nas Ilhas Cayman, e da Cableinvest, sediada nas Ilhas do Canal. Esses recursos voltavam ao país de duas formas, segundo o MPE. A primeira eram empréstimos contratados em nome de representantes no Banco Unido Holandês ou via a casa de câmbio Cambio Val, do Uruguai. A segunda forma era o repasse direto a pessoas físicas com relações com a Universal. Segundo o MPE, os recursos eram usados no Brasil para adquirir empresas e bens ligados à Universal. De acordo com a Folha de S.Paulo, a movimentação suspeita da igreja teria somado R$ 4 bilhões entre 2003 e 2008, em um total de R$ 8 bilhões.
As duas empresas que seriam de fachada segundo o MPE são a Unimetro e a Cremo, sediadas em São Paulo. Segundo O Globo, relatórios do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) sugerem que as duas companhias mantinham contratos atípicos e faziam movimentações financeiras incompatíveis com sua capacidade financeira. Edir Macedo não aparece oficialmente como sócio das empresas, mas a investigação do MPE – que teve início em 2007 e contou com a participação de quatro promotores do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) – recolheu provas de que o líder da Universal seria o verdadeiro comandante das companhias.
O jornal informa ainda que da denúncia contra Edir Macedo constam acusações de fraude. A base da denúncia é o depoimento do ex-bispo Marcelo Nascente Pires, que usou empréstimo da Cremo para comprar ações da TV Itajaí, emissora da Record em Santa Catarina. Ao romper com a Universal, ele disse que as ações da TV foram repassadas a Edir Macedo por meio de uma procuração falsificada. Reportagem de ÉPOCA mostrou os indícios de fraudes apontados por perícias da Polícia Federal e de um perito particular contratado por Pires. Segundo a Folha, o MPE suspeita de fraude semelhante na transferência de ações da Rádio e TV Record S.A. (São Paulo), TV Record de Franca S.A. e TV Record de Rio Preto S.A. para Edir Macedo.
Em entrevista à Folha, o advogado dos dez líderes da Igreja Universal, Arthur Lavigne, acusou o Ministério Público de São Paulo de perseguir a igreja. Segundo ele, a denúncia acatada pelo juiz Gláucio Roberto Brittes, da 9ª Vara Criminal de São Paulo, é “assunto requentado”, pois diz respeito às mesmas empresas investigadas em um inquérito que acabou arquivado pelo Supremo Tribunal Federal em 2006. Lavigne apresentou documento ao jornal que mostra que a Receita Federal fiscalizou a Cremo – um das duas companhias apontadas pelo MPE como de fachada – e aprovou suas contas. Ele disse que as contas da Unimetro também estavam aprovadas, mas afirmou não ter em mãos o documento para apresentar.
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