domingo, 14 de junho de 2009

VASCO 0 X 0 GUARANI


Confesso que o empate em 0 x 0 de ontem entre Guarani e Vasco me deixou em dúvida. A torcida deve se preocupar com a total ineficiência dos nossos atacantes? Ou pode ficar tranquila porque mesmo os adversários considerados mais complicados não conseguem nos vencer?

Se o Guarani é o “time a ser batido” na Série B, o Vasco precisa piorar muito para não conseguir ficar entre os 4 primeiros no final do Brasileiro. Apesar de ser um time bem treinado pelo Vadão, o Bugre não foi muito melhor que os outros times que enfrentamos na competição. O que vimos ontem foi o líder jogando com cautela no primeiro tempo e sendo mais agressivo apenas no segundo, quando já estávamos com um jogador a menos. E em ambos, o Vasco acabou tendo mais chances que nosso anfitrião.

Mas algo preocupante é que o Vasco acabou criando mais quando jogava com um a menos. O time segue tendo problemas para criar quando encara um adversário mais cauteloso. Tivemos mais posse de bola no primeiro tempo, mas não conseguíamos finalizar. No segudo tempo, com o Guarani partindo pra cima, encaixamos mais jogadas no contra-ataque e não vencemos porque perdemos chances claras de gol. Novamente. Isso é um problema sério: na série B, raramente vamos encontrar adversários que nos encarem de igual para igual. Até agora, o único adversário que não jogou recuado foi o Atlético-GO e, sintomaticamente, foi o jogo em que tivemos o placar mais dilatado. Dorival Jr. precisa ensinar o time a furar retrancas. Caso contrário, teremos muitas dificuldades para vencer as partidas (ainda mais perdendo gols como temos perdido).

Chegamos à terceira rodada sem vitória e nem com isso saímos do G4. Mas isso pode mudar na próxima partida. Nada menos que NOVE times podem empatar ou nos ultrapassar em pontos na rodada que vem. Dorival terá mais uma semana para dar um jeito no time. Se isso virá com os treinamentos ou com a troca de peças do elenco, não importa. O que não pode é o Vasco ficar tanto tempo sem vencer e, pior, sem marcar gols.

***

A regularidade do Fernando Prass torna qualquer comentário sobre as suas atuações um exercício de repetição. Nosso goleiro foi muito bem nas poucas vezes em que foi exigido. Como sempre.

***

Os contestados Vílson e Gian seguem como a zaga que não levou gols no Brasileiro. Claro que o Prass tem muito a ver com isso, mas mesmo dando suas vaciladas ocasionais, vêm dando conta do recado. Vílson, que parece estar em um momento um pouco melhor que seu companheiro de zaga, merece destaque por ter impedido um gol certo do Guarani, ao interceptar um chute no segundo tempo. O que ele podia parar de fazer é arriscar suas subidas “jorgeluizianas“. Não que eu seja contra a chegada surpresa de um zagueiro, mas ir razoavelmente na defesa já é pedir muito do Vílson. No ataque o máximo que ele consegue é estragar as jogadas. Já o Gian, apesar de algumas jogadas estabanadas, não comprometeu.

***

Paulo Sérgio e Ramon tiveram atuações apenas razoáveis. Pela direira, Paulo Sérgio não teve muito trabalho defensivamente, mas em compensação, não foi muito feliz no apoio. Ele finalizou uma vez, após boa jogada com Alex Teixeira, mas isolou a bola. Sua participação mais importante foi ao tirar de cabeça, em cima da linha, uma bola que tinha endereço certo. Já o Ramon teve trabalho com o lateral direito campineiro, que apoiou muito o ataque, principalmente no segundo tempo. No apoio, nosso lateral esquerdo criou boas jogadas, mas justo na que chegou com mais condições de arrematar, preferiu o toque e desperdiçou o lance.

***

Amaral jogou com a disposição de sempre e foi bem na marcação, apesar de fazer algumas faltas muito perto da área. Com o Vasco jogando com 10, atuou o segundo tempo inteiro praticamente como um terceiro zagueiro. Ainda bem, já que nas poucas vezes em que subiu um pouco mais, não fez nada que preste. Nilton teve duas boas chances de gol com chutes à distância, roubou várias bolas durante a partida, mas consegue irritar a partida com sua quantidade enorme de passes errados. As vezes parece confiar demais na sua habilidade e por conta disso acaba perdendo bolas que não poderia perder.

***

Léo Lima foi o de sempre: cadencia o jogo, as vezes exageradamente. Acerta um bom passe aqui e ali, perde umas bolas por desatenção e não é dos mais efetivos na marcação. Ontem não conseguiu fazer nada de muito útil. Foi substituido pelo Jéferson, que deu mais movimentação ao meio e ajudou o time a criar algumas jogadas de contra-ataque. Seu melhor momento foi um lançamento na medida para uma subida do Ramon. Seu destaque negativo foram as finalizações. Teve duas chances: numa, chutou fraco e nas mãos do goleiro. Na segunda, perdeu um gol feito ao tentar dar um toque por cobertura sobre o goleiro, e justamente quando haviam dois jogadores do Vasco melhor posicionados na área. Apesar disso, acho que recuperando-se física e tecnicamente, Jéferson pode ser mais útil ao time que o Léo Lima.

***

Carlos Alberto conseguiu uma proeza até para um jogador com seu histórico de advertências nas partidas: foi expulso do jogo sem cometer uma falta sequer.

Pelos comentários feitos depois do jogo, muitos torcedores não têm mais paciência para gastar com o nosso capitão. Dessa vez não concordo com isso, pelo menos não com a sua expulsão. Como capitão, o Carlos Alberto é o único do time que pode falar com o juiz. Não dá pra saber se o primeiro amarelo recebido foi merecido. A implicância com o “Casalberto” é notória e como a palavra final é sempre do árbitro - pelo o que ele relata na sua súmula - a história não muda: para qualquer juiz, em qualquer partida, basta o jogador abrir a boca que é advertido. Carlos Alberto fez a fama de problemático e quem paga é o Vasco.

O segundo cartão amarelo foi ainda mais absurdo. Tenha ou não simulado a queda, Carlos Alberto foi tocado pelo jogador do Guarani. Na melhor das hipóteses, não houve falta no lance. Resultado? O árbitro interpreta erradamente o lance e o Vasco joga mais uma vez um tempo inteiro com um homem a menos.

Mas esquecendo a expulsão, no tempo em que ficou em campo, Carlos Alberto chamou a responsabilidade que cabe à sua posição no time. Brigou pelas bolas, pedia o jogo sempre que possível, mas não conseguiu levar grande perigo ao Guarani. Tentou um chute de longe que saiu fraco, colocou o inexplicável Edgar na cara do gol uma vez e só. A questão é que, com a qualidade que todos sabemos que ele possui, ele poderia resolver o jogo em um lance no segundo tempo. Só que o juiz não deixou que isso acontecesse.

***

Podemos dizer que o Alex Teixeira foi um “Carlos Alberto às avessas” ontem. Enquanto nosso capitão não jogou o segundo tempo da partida, o garoto fez questão de não aparecer na primeira etapa. Só não foi uma nulidade completa no começo da partida porque ele foi visto errando alguns passes. Já no segundo tempo, Alex Teixeira mudou completamente. Jogando um pouco mais recuado - tentando fazer a função do Carlos Alberto - e buscando as jogadas a partir da intermediária, Alex foi muito mais eficiente, criando boas jogadas e demonstrando um pouco da habilidade que ainda o credencia a ser uma promessa. Ele não finalizou muito (apenas uma vez, e mal como de costume), mas fez uma linda jogada pela linha de fundo que só não terminou em gol porque quem estava de frente para o gol, sem o goleiro, era o Edgar. Saiu sentindo a perna, depois de ter chutado a gol e ter trombado com um zagueiro do Guarani. No seu lugar entrou o Souza, quando o Dorival já parecia mais que satisfeito com o Empate.

***

Por último, um dos protagonistas da partida, o Edgar. O problema é que o roteiro que entregaram para o nosso atacante foi o de uma comédia pastelão. Se ele não estivesse no time para o qual torço, teria morrido de rir com as tentativas frustradas do grandalhão de fazer alguma coisa. Mas como ele está no Vasco, o que Edgar conseguiu foi me levar - e provavelmente toda a torcida - ao desespero. Eu me pergunto: como um sujeito que tem quase um metro de perna pode ser tão lento? E como um jogador profissional que mal consegue correr poderá ter alguma habilidade com a pelota? Pelo que fez ontem, a respota para a segunda pergunta é “não pode“. A matada de canela depois de receber uma bola açucarada do Carlos Alberto e o inacreditável gol perdido com a trave vazia no segundo tempo servem de confirmação para esse fato.

Nos comentários de antes do jogo, eu respondi a um leitor que, por incrível que pareça, o Alan Kardec tem mais habilidade com os pés que o Edgar. Mesmo que isso não seja muito mérito para ninguém, essa constatação foi comprovada ontem, quando o AK entrou no lugar do grandalhão. Mesmo sem ter tido qualquer chance de gol, Kardec mostrou que ao menos coordenação motora para correr ele tem. E isso já deveria ter garantido a vaga no ataque. Pelo menos no lugar do Edgar.

Nenhum comentário: